Na manhã de hoje, 18 de abril, a Comissão Pastoral da Terra da Diocese de Bonfim, esteve na Escola Família Agrícola de Antônio Gonçalves (EFAG), reunida com estudantes, educadores e educadoras para debater o tema “Trabalho Escravo”, em preparação à Semana de Comunicação em Combate ao Trabalho Escravo, que será realizada no período de 8 a 13 de maio em todo o país.
Na oportunidade, Antônio Célio de Castro, agente da CPT, apresentou os dados do Trabalho Escravo no Brasil nos últimos três anos, chamando a atenção para um aumento no número de ocorrências e de pessoas resgatadas, oriundas principalmente do meio rural e um grande contingente da região Nordeste.
Muitas comunidades do território da Diocese de Bonfim são fornecedoras de mão de obra para outras regiões, onde existem grandes fazendas do agronegócio, frigoríficos e outros empreendimentos que exploraram e submetem os/as trabalhadores/as às condições análogas à escravidão. É preciso estar atento à caracterização do Trabalho Escravo, prática considerada crime conforme artigo 149 do Código Penal Brasileiro.
Neste sentido, Mirela dos Santos Silva, moradora da Fazenda Quina, Campo Formoso e estudante da EFAG, destaca a importância da formação: “Essa formação veio a contribuir nos nossos conhecimentos sobre trabalhos que são análogos à escravidão. A gente conseguiu ver alguns casos, tivemos uma noção das áreas onde geralmente acontece que são em áreas voltadas à agropecuária, a lavouras e também atividades domésticas; as causas desse trabalho que é a ausência de oportunidade de emprego, a vulnerabilidade principalmente causada pela falta de escolaridade, a desigualdade social e conhecemos também os métodos de prevenção, através das denúncias, através da formação e instituições de ensino, órgãos que fiscalizem as Leis pra que aconteçam com eficácia, a gente conheceu também sobre o Artigo 149 e entendemos que é fundamental efetuar o fortalecimento de movimentos sociais que defendem essas pautas”.
A existência e continuidade do trabalho análogo ao escravo como estruturante das relações sociais de trabalho é uma vergonha para o nosso país, ao mesmo tempo em que acena para a necessidade de debater mais profundamente, dar visibilidade e punir esse crime que fere a dignidade do trabalhador/a e dilacera toda a sociedade.
A massificação de informações sobre a problemática e a formação para uma consciência cidadã, são os primeiros passos na prevenção e combate ao Trabalho Escravo, conforme salienta Alan Vitor dos Santos, morador da comunidade de Caldeirão do Mulato, Antônio Gonçalves e estudante da EFAG: “Como aluno de Escola Família Agrícola, que defende a pedagogia da alternância e de comunidades tradicionais, é muito importante essa formação, pra saber da realidade, que até hoje tem trabalho escravo, levar para a minha comunidade e pra outras saber identificar e denunciar essas ocorrências para poder diminuir os índices. Saber que existe trabalho escravo em pleno século XXI e que em 2023 ainda tem muitas ocorrências, me deixa muito triste. E eu fico muito feliz por poder me tornar um jovem que luta por esses deveres e esses direitos, querendo carregar mais experiências para a minha comunidade. É mais um fator muito importante para minha formação, como futuro técnico e quero agradecer por esses encontros, por poder compartilhar esses conhecimentos e estimular a juventude a lutar por direitos, pra não cometer esses erros e ficar sempre alertas, ver as pessoas que estão precisando de ajuda e ajudar”.
Texto e foto: CPT Diocese de Bonfim-BA.